Com uma produção anual de quase 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, o Brasil ainda enfrenta grandes obstáculos no tratamento adequado dos lixões. Cada brasileiro é responsável por cerca de 380 quilos de resíduos por ano, mas o destino desses resíduos ainda é, em muitos casos, inadequado.
Dados da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) apontam que apenas 1.700 municípios contam com aterros sanitários, enquanto cerca de 3.000 lixões a céu aberto permanecem ativos, colocando o meio ambiente e a saúde pública em risco.
O consultor da ONU para Meio Ambiente, Carlos Silva Filho, destaca que a legislação brasileira, desde a Política Nacional de Meio Ambiente de 1981, proíbe qualquer forma de poluição, incluindo lixões. “O descarte inadequado de resíduos sólidos sem nenhum cuidado no solo é uma fonte de poluição. Portanto, dentro dessa lei, lixões não deveriam existir”, explica.
Na região Norte, a situação é particularmente preocupante. Em Manaus, único aterro controlado da capital do Amazonas fica próximo à rodovia AM-010 e tem moradores vizinhos que enfrentam dificuldades com problemas como o aumento de moscas durante a estação seca. A previsão era que o local deixasse de receber resíduos em janeiro deste ano, mas a Justiça prorrogou sua operação até 2028.
“Na época do verão, quando as moscas aparecem, a gente não consegue nem comer direito”, relata a moradora Meire Veiga. Até o momento, a Prefeitura de Manaus não respondeu às reclamações sobre as condições do aterro.
Especialistas reforçam a importância da transição para uma economia circular como forma de reduzir o impacto ambiental dos resíduos. A mudança de uma economia linear, onde os materiais são descartados, para uma economia circular, em que os recursos são reaproveitados, já é um tema central nas discussões globais.
Com a COP30 prevista para acontecer no Brasil em 2025 e o G20 incluindo pela primeira vez a pauta de “resíduos sólidos e economia circular” em sua agenda, a expectativa é de que o país avance na implementação de práticas de gestão sustentável de resíduos.
“Temos todos os motivos para impulsionar essa transição e melhorar nossa gestão de resíduos, especialmente com o Brasil sendo sede de eventos importantes sobre sustentabilidade nos próximos anos”, conclui Silva Filho.
Com informações da CNN BRASIL