Na madrugada desta quarta-feira (20), milhares de imigrantes da América Central e do Sul partiram de Tapachula, no sul do México, rumo à cidade de Huehuetán, em uma tentativa de alcançar a fronteira dos Estados Unidos antes da posse do presidente eleito Donald Trump. O percurso inicial da jornada foi de mais de 25 quilômetros, com a expectativa de que a viagem ganhe força nos próximos dias.
A caravana reflete a preocupação crescente entre os imigrantes sobre possíveis endurecimentos nas políticas migratórias com a nova administração nos EUA. Muitos temem que programas de agendamento e procedimentos de asilo, atualmente disponíveis, sejam interrompidos em breve.
Medo de mudanças nos processos de asilo
Os imigrantes esperam que o sistema de agendamento de pedidos de asilo via aplicativo CBP One, implementado pela Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP), continue funcionando. Este aplicativo permite o agendamento de entrevistas para asilo em pontos de entrada e é a única ferramenta para certas nacionalidades, como cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos, solicitarem autorizações de permanência temporária.
O organizador da caravana, Bryan Velazquez, um imigrante da Guatemala, expressou receio de que, após a posse de Trump, as marcações sejam encerradas, limitando ainda mais o acesso dos imigrantes ao sistema legal de asilo.
A busca por apoio e proteção no México
Os integrantes da caravana também apelaram ao governo mexicano para que facilite sua circulação pelo país, permitindo o avanço até a fronteira norte. Nos últimos anos, caravanas similares têm sido uma estratégia recorrente, oferecendo segurança em números para enfrentar os perigos da jornada.
Ainda assim, muitas dessas caravanas acabam se dispersando ao longo do caminho, devido a barreiras físicas, intervenções das autoridades ou exaustão dos próprios viajantes.
Histórico e desafios na travessia
Nos últimos dois anos, o CBP One se tornou central para os processos de entrada e elegibilidade nos EUA. No entanto, as mudanças iminentes na liderança norte-americana lançam incertezas sobre o futuro dessas políticas.
A caravana atual reflete o desespero e a determinação de milhares de pessoas que enfrentam a pobreza, a violência e as crises políticas em seus países de origem. Para muitos, a travessia é vista como a única chance de uma vida melhor, mesmo diante dos riscos da jornada e das incertezas ao chegar à fronteira.