O Ministério Público do Amazonas (MPAM) solicitou à Justiça a condenação de Cleusimar Cardoso, mãe da ex-sinhazinha Djidja Cardoso, e de Ademar Cardoso, seu irmão, por envolvimento em tráfico de drogas e associação para o tráfico. Além deles, outras cinco pessoas estão sendo acusadas pelo MP em um esquema que envolvia o uso e distribuição de cetamina, uma substância controlada, utilizada de forma ilegal. Djidja foi encontrada morta em maio deste ano, e a polícia ainda investiga a possibilidade de que sua morte tenha sido causada por overdose dessa droga.
Segundo as investigações, a família de Djidja era responsável pelo grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”, que incentivava o uso indiscriminado de drogas sintéticas entre seus seguidores, alegando propriedades de “cura” espiritual. Cleusimar, mãe da ex-sinhazinha, é apontada como uma das principais responsáveis pela aquisição e distribuição de cetamina, que era fornecida em salões de beleza de sua propriedade e entre membros da família.
Mortes, tráfico e abuso
A morte de Djidja Cardoso levantou suspeitas sobre a relação do grupo com o tráfico de drogas. Um laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) sugeriu overdose de cetamina, mas o relatório oficial ainda não foi divulgado. A substância, utilizada em animais para sedação, era adquirida ilegalmente por meio de uma clínica veterinária, cujo proprietário e sócio também estão entre os réus.
Além das acusações de tráfico de drogas, o irmão de Djidja, Ademar Cardoso, enfrenta uma acusação de abuso sexual. Segundo o MP, ele teria estuprado uma ex-namorada após aplicar nela cetamina, a deixando em estado de transe.
Envolvimento e estrutura do esquema
O promotor André Virgílio Betola Seffair, responsável pela denúncia, detalhou a atuação de Cleusimar Cardoso, que distribuía cetamina em seringas para seus filhos e funcionários dos salões de beleza da família. Para o MP, o ex-namorado de Djidja, Bruno Roberto da Silva Lima, também tem papel central no esquema, estimulando a mãe de Djidja a prosseguir com o uso da droga sob o pretexto de buscar elevação espiritual.
Entre os réus estão José Máximo Silva de Oliveira e Sávio Soares Pereira, proprietários da clínica veterinária suspeita de fornecer a cetamina ao grupo, além de Hatus Moraes Silveira, um coach que se passava por personal trainer da família, e Verônica da Costa Seixas, gerente de um dos salões de beleza.
O promotor também pediu a absolvição de três réus, alegando falta de provas suficientes para condenação. Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro; Claudiele Santos Silva, maquiadora; e Emicley Araújo Freitas, funcionário da clínica veterinária, foram considerados inocentes devido à ausência de indícios que comprovem sua participação ativa no esquema.
A Justiça agora deverá analisar as alegações finais e os pedidos de condenação apresentados pelo MP. O caso segue sob grande repercussão pública, devido à notoriedade de Djidja Cardoso, e à gravidade das acusações que envolvem tráfico de drogas e abusos dentro de um contexto familiar e religioso.