Os municípios do Amazonas que apresentam os maiores índices de queimadas e incêndios florestais também são os principais produtores de carne bovina do estado. De acordo com dados do IBGE, Lábrea, Boca do Acre e Apuí lideram a produção em 2023, com 652,3 mil, 475 mil e 293 mil cabeças de gado, respectivamente.
No total, o Amazonas conta com um rebanho bovino de 2,38 milhões de cabeças, com Manicoré e Novo Aripuanã também figurando entre os maiores produtores. Em contrapartida, municípios como Atalaia do Norte, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira têm efetivos bem menores, com 34, 47 e 110 cabeças, respectivamente. Na região Norte, o total de bovinos é de 63 milhões, enquanto o Brasil possui 238,6 milhões.
Entre 2022 e 2023, o crescimento do rebanho no Amazonas foi de 348 mil cabeças, representando um aumento de 17,16%. No entanto, essa expansão levanta sérias preocupações sobre o uso da terra e os impactos ambientais, especialmente em um contexto de queimadas.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que seis estados brasileiros concentram 85% dos focos de incêndio, com Apuí, Lábrea, Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá e Boca do Acre figurando entre as áreas mais afetadas. Esses municípios, situados no Sul do Amazonas, são responsáveis por uma significativa parcela dos incêndios na região.
A prática de criação de gado frequentemente requer a conversão de florestas em pastagens, o que costuma envolver queimadas. Essa relação sugere que o aumento na produção de carne bovina pode estar contribuindo para a intensificação das queimadas na Amazônia.
No contexto nacional, o estado do Pará se destaca com 25 milhões de cabeças de gado, ocupando a segunda posição no ranking de pecuária. Porto Velho, em Rondônia, também é relevante, com 1,8 milhão de bovinos. O Brasil é o segundo maior produtor e exportador de carne bovina do mundo, com o Mato Grosso liderando com 14,2% do rebanho nacional.