A cidade de Manaus amanheceu nesta segunda-feira (4) coberta por uma densa neblina de fumaça, um fenômeno recorrente que se intensifica nesta época do ano, especialmente devido às queimadas no Sul do Amazonas. Neste ano, a capital já enfrentou situações semelhantes em setembro e outubro, gerando preocupações entre os moradores.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o mês de outubro foi alarmante, com mais de 2.500 queimadas registradas no estado, sendo o segundo pior mês desde 1998. O Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) classificou a qualidade do ar como “muito ruim”, especialmente no bairro Aparecida, na Zona Sul, onde os níveis de poluição chegaram a 87,8 µg/m³. Para efeito de comparação, o ar é considerado de boa qualidade quando os níveis estão entre 0 e 25 µg/m³.
O Amazonas se encontra em estado de emergência ambiental devido às queimadas, que começaram a se intensificar em julho, atingindo o pico nos meses de agosto e setembro. Durante esse período, uma vasta mancha de fumaça cobriu todas as 62 cidades do estado, e a qualidade do ar foi considerada ruim ou péssima.
Os números são alarmantes: em julho, foram registrados 4.241 focos de calor, seguidos por 10.328 em agosto — o maior número em 26 anos — e 6.879 em setembro, o terceiro pior registro nesse mesmo período.
A situação é ainda mais complicada pela seca severa que atinge o estado, exacerbando as queimadas. Combinados ao clima seco e altas temperaturas, mais de 800 mil pessoas em todo o Amazonas estão sendo afetadas. Em Manaus, o nível do Rio Negro atingiu 12,11 metros, o menor registrado em mais de 120 anos, o que resultou no fechamento da Praia da Ponta Negra e na formação de bancos de areia, dificultando a navegação.
Essas condições também impactaram o escoamento de produção das empresas do Polo Industrial de Manaus, que se viram obrigadas a instalar um píer flutuante em Itacoatiara para facilitar o recebimento e envio de mercadorias.