O papa Francisco, internado há 20 dias no hospital Gemelli, em Roma, devido a uma pneumonia bilateral, celebrou nesta quarta-feira (5) o início da Quaresma católica diretamente de seu quarto de hospital. Apesar de não ter sofrido novos episódios de crise respiratória, o pontífice de 88 anos continua recebendo oxigênio de alto fluxo e seu quadro clínico é considerado “complexo”, com prognóstico ainda reservado.
Segundo o boletim de saúde divulgado pelo Vaticano, Papa Francisco “participou do rito da bênção das cinzas” em seu quarto, marcando o início da Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. A celebração principal ocorreu na basílica de Santa Sabina, em Roma, onde cardeais realizaram a missa da Imposição de Cinzas em sua ausência. O cardeal italiano Angelo De Donatis leu uma homilia escrita pelo papa, que destacou a fragilidade humana diante da doença e do sofrimento.
“Tocamos a fragilidade na experiência da doença, da pobreza e do sofrimento que, às vezes, irrompe de forma repentina sobre nós e sobre nossas famílias”, escreveu Francisco em sua mensagem, que ressoa profundamente com sua própria situação de saúde.
Estado de saúde e rotina no hospital
O Papa Francisco alterna repouso, orações e fisioterapia enquanto se recupera da pneumonia bilateral, que já causou vários episódios de insuficiência respiratória. Na segunda-feira (3), ele enfrentou dois novos episódios agudos, reforçando a gravidade de seu estado. A equipe médica ainda não definiu um prazo para sua alta ou recuperação completa, o que tem gerado preocupação entre fiéis e líderes da Igreja Católica.
Francisco também não poderá participar dos tradicionais “exercícios espirituais”, um retiro anual que marca o início da Quaresma e reúne a Cúria, o pessoal e a administração da Santa Sé. Esta é a quarta internação do pontífice desde 2021, e sua saúde frágil — agravada por cirurgias anteriores no cólon e no abdome, além de dificuldades para caminhar — tem levantado questionamentos sobre sua capacidade de continuar à frente da Igreja.
Solidariedade e orações ao redor do mundo
Enquanto Francisco se recupera, fiéis ao redor do mundo têm demonstrado apoio e solidariedade. Em frente ao hospital Gemelli, conhecido como “Vaticano III” pelo papa João Paulo II, religiosos e leigos se reúnem com flores e velas. “Neste momento em particular, precisamos realmente de seu apoio e proximidade”, disse Domenica Patania, uma italiana de 63 anos, à AFPTV.
Na Argentina, país natal do pontífice, fiéis se reuniram no bairro de Buenos Aires onde Francisco cresceu para rezar por sua recuperação. “Espero que o Santo Padre esteja bem e recupere sua saúde”, declarou Sachin Kuppa, um turista indiano católico de 30 anos, presente na missa em Roma.
Desafios e futuro
A internação prolongada de Francisco tem reacendido debates sobre a possibilidade de renúncia, algo que o próprio papa descartou recentemente. O cardeal venezuelano Edgar Peña Parra, número 3 do Vaticano, que visitou Francisco no domingo, destacou que o pontífice “carrega em seu corpo os sinais da fragilidade e da doença, como qualquer ser humano”.
Enquanto isso, o papa segue conectado às suas responsabilidades, mesmo à distância. Nesta quarta-feira, ele ligou para a paróquia de Gaza, como tem feito regularmente desde o início do conflito entre Israel e Hamas, demonstrando seu compromisso com a paz e a solidariedade global.
A recuperação de Francisco continua sendo acompanhada com esperança e apreensão por milhões de católicos, que aguardam notícias positivas sobre o líder espiritual que tem guiado a Igreja com uma mensagem de compaixão e inclusão.