Uma pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) revelou preocupantes níveis de contaminação por mercúrio em peixes da Bacia do Rio Madeira. Amostras coletadas entre os municípios de Humaitá e Manicoré indicaram concentrações do metal pesado até seis vezes acima do limite permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
As espécies mais contaminadas foram o jaraqui e a branquinha, com níveis de mercúrio que dobram o permitido. O estudo também identificou a presença do metal em peixes forrageiros, que integram a base da cadeia alimentar aquática, indicando uma contaminação generalizada do ecossistema.
O mercúrio é altamente tóxico, acumulando-se no organismo humano e podendo causar graves danos ao sistema nervoso, rins e coração. As populações ribeirinhas, que dependem diretamente do consumo de pescado, estão especialmente vulneráveis a esses efeitos.
O principal responsável pela contaminação na região é o garimpo, onde o mercúrio é amplamente utilizado na extração de ouro. A substância contamina rios, solos e a biodiversidade local. Outras fontes incluem emissões industriais e a queima de combustíveis fósseis.
Os pesquisadores da UEA alertam para a necessidade de intensificar o monitoramento da qualidade da água e dos peixes na região. Além disso, recomendam políticas públicas que combatam o garimpo ilegal e promovam alternativas econômicas sustentáveis para as comunidades ribeirinhas.
Educação ambiental e campanhas para conscientizar a população sobre os riscos do consumo de peixes contaminados também são essenciais. Essas medidas visam reduzir a exposição ao mercúrio e mitigar os impactos sobre a saúde humana e o meio ambiente.
A pesquisa da UEA é um passo crucial para compreender a extensão da contaminação por mercúrio na Amazônia. Os dados obtidos orientarão a formulação de políticas públicas e a criação de um plano de ação voltado à recuperação dos ecossistemas e à proteção da saúde das populações locais.
Com a divulgação dos resultados, espera-se um esforço conjunto de governos, organizações e comunidades para enfrentar a crise ambiental e sanitária que ameaça a Bacia do Rio Madeira.