A Superintendência da Polícia Federal no Amazonas (PF/AM) negou ter recebido qualquer denúncia do deputado federal e candidato à Prefeitura de Manaus, Amom Mandel (Cidadania/AM), contra a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). A informação consta no Ofício 611/2024, obtido pela CENARIUM, no qual a instituição declara que “não houve protocolo de nenhuma notícia de fato supostamente criminoso no Setor de Inteligência Policial desta Superintendência [do Amazonas] a partir de suposta denúncia feita pelo deputado federal Amom Mandel”.
Em janeiro deste ano, Amom afirmou que estava sendo coagido pela cúpula da SSP-AM após a entrega de um dossiê à PF. No documento, servidores de cargos de chefia da SSP-AM são acusados de envolvimento com o crime organizado e tráfico de drogas. O parlamentar havia publicado um vídeo em seu perfil no Facebook, em 6 de janeiro, afirmando que recebeu o dossiê em 13 de dezembro de 2023.
A resposta da Polícia Federal foi enviada a pedido do corregedor regional da instituição, o delegado Victor de Alencar Araújo Motta, ao corregedor geral do Sistema de Segurança Pública do Amazonas, coronel Franciney Machado Bó. No ofício, a PF confirma que não há procedimento investigatório aberto relacionado à denúncia feita por Amom Mandel contra membros da SSP-AM.
Desdobramentos
A polêmica ganhou novos contornos após Amom ter sido abordado em uma blitz da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) no dia 4 de janeiro de 2024, durante a ‘Operação Impacto’ em Manaus. A operação foi lançada para combater o crime em áreas consideradas de risco, segundo dados do Centro Integrado de Estatística de Segurança Pública (Ciesp). O deputado alegou que a abordagem foi motivada por sua denúncia à PF, o que foi negado tanto pelo secretário da SSP-AM, coronel Marcus Vinícius Almeida, quanto pela própria Polícia Federal.
Durante a abordagem, Amom se exaltou com os militares e deu voz de prisão à equipe da Rocam que conduzia a operação. O secretário Marcus Vinícius, que participava do lançamento da operação em outro ponto da cidade, foi contatado por Amom e informou que o parlamentar solicitou apoio para que a guarnição fosse detida. No entanto, o secretário destacou que a abordagem não foi motivada por qualquer denúncia prévia e que a operação estava planejada e comunicada à imprensa.
“É inusitado um deputado dar voz de prisão a uma guarnição policial”, declarou o secretário na época, refutando as alegações de que a ação policial teria sido orquestrada como retaliação à suposta denúncia de Amom.
A negativa da Polícia Federal em relação ao recebimento do dossiê levanta questionamentos sobre as acusações de Amom Mandel e coloca em dúvida a veracidade das alegações feitas pelo parlamentar. O caso continua gerando controvérsia e promete ser um ponto de tensão na disputa eleitoral pela prefeitura de Manaus.