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Meio Ambiente

UEA revela primeiros resultados do monitoramento da qualidade da água do Rio Negro

De acordo com o coordenador do programa, Prof. Dr. Sergio Duvoisin Junior, a água do rio Negro, em sua maioria, não é própria para consumo.

UEA revela primeiros resultados do monitoramento da qualidade da água do Rio Negro
De acordo com o coordenador do programa, Prof. Dr. Sergio Duvoisin Junior, a água do rio Negro, em sua maioria, não é própria para consumo. (Foto: Reprodução)
A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) divulgou, nesta quarta-feira (13), os primeiros resultados de um estudo pioneiro que avalia a qualidade da água do rio Negro. A pesquisa faz parte da quarta expedição do Programa de Monitoramento de Água, Ar e Solos do Amazonas (ProQAS/AM), que, pela primeira vez, desenvolveu um índice específico para medir a qualidade da água no contexto amazônico, considerando tanto aspectos naturais como o impacto de atividades humanas.
Durante 10 dias, a bordo do barco “Roberto Santos Vieira”, uma equipe de 13 pesquisadores e sete tripulantes percorreu trechos estratégicos da bacia do rio Negro. Foram coletados dados em 36 dos 66 pontos de monitoramento, definidos para análise detalhada de 164 parâmetros, desde o pH até a presença de metais e coliformes fecais.
De acordo com o coordenador do programa, Prof. Dr. Sergio Duvoisin Junior, os resultados são alarmantes. “Detectamos a presença de coliformes tolerantes em praticamente todos os pontos monitorados, indicando que a água, em sua maioria, não é própria para consumo”, informou. Ele ressaltou, entretanto, que, para banho, os níveis ainda são aceitáveis, desde que não ultrapassem certos limites. “Os dados mostram o impacto das atividades humanas, especialmente nas proximidades de áreas urbanas como Manaus e Barcelos”, explicou.
Em Manaus, foram monitoradas também as bacias do Tarumã Mirim, Tarumã Açu, São Raimundo, Educandos e Puraquequara. Segundo o pesquisador, as bacias do São Raimundo e Educandos apresentaram os piores índices de qualidade de água, reflexo direto do despejo de esgoto e de outras atividades urbanas não controladas. “Em alguns pontos do Mindu, a contagem de coliformes ultrapassa 3,5 milhões, muito acima do limite seguro para contato humano”, alertou Duvoisin.

Impacto e Soluções para a Degradação das Bacias

A pesquisa revela um cenário preocupante, mas também aponta soluções viáveis. “Com vontade política e recursos, é possível reverter esse quadro”, enfatizou o coordenador, apontando que dados técnicos como esses são essenciais para guiar ações efetivas de recuperação ambiental. “Temos uma dinâmica de águas que permite uma renovação nas bacias, o que facilita as ações de recuperação”, explicou.

Parceria Internacional com a Universidade de Harvard

Outro ponto importante do estudo envolve o monitoramento de metais pesados, como o mercúrio, cuja presença ainda é incerta devido à baixa sensibilidade dos equipamentos utilizados na atual pesquisa. Para aprimorar essa análise, a UEA anunciou uma parceria com a Universidade de Harvard. Com a chegada de novos equipamentos de alta sensibilidade, a próxima etapa do estudo buscará detectar traços de mercúrio, um contaminante grave para a saúde humana e o ecossistema, associado a atividades de garimpo ilegal.
A colaboração com Harvard também proporcionará intercâmbio de conhecimento entre alunos das duas universidades, promovendo avanços científicos na região amazônica e contribuindo para a formação de especialistas no monitoramento de metais pesados.

Com esses dados e a nova parceria, a UEA reforça a importância de uma abordagem científica robusta para a preservação ambiental na Amazônia, destacando que “não se protege o que não se conhece”. A divulgação desses resultados espera sensibilizar gestores públicos para ações concretas de proteção das águas do Amazonas, visando tanto a conservação ambiental quanto a saúde da população.

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